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Chris Annes

Mamãe da Vitória *-*


A DESCOBERTA E O PARTO:


Sempre tive o sonho de ter 2 filhos. E minha mãe tbm sonhava com seus netinhos. Sou filha única, então éramos muito ligadas. Apenas 6 meses após o meu casamento, a primeira bomba veio na minha vida: minha mãe descobriu que estava com câncer, já em estado terminal. Após descobrir, sobreviveu apenas 1 mês e meio. Foram momentos muito difíceis. Quando ela descobriu a doença, disse que lutaria contra a doença por mim... Mas chegou num ponto onde ela não aguentava mais, o corpo pedia socorro, e ela não queria desistir. Foi quando a médica dela me disse que ela estava esperando algo para poder se entregar e ir em paz, eu tive certeza que eu é quem tinha que "liberá-la". Fui lá conversar com ela, e ela, nada boba, percebeu o que eu estava tentando fazer... ela me perguntou se ia morrer, eu disse que no meu coração não, pois ali ela viveria para sempre... ela disse que era isso que precisava saber. Meia hora após isso, ela se foi, deixando o primeiro grande buraco no meu coração.
Passados 3 meses do falecimento da minha mãe, eu e o marido resolvemos retomar os planos de ter um filho. Já na primeira tentativa eu engravidei. Porém, com 2 meses de gestação, veio o meu segundo buraco no coração: perdi essa primeira gestação, tão planejada. Lembro-me como se fosse hoje tanta dor (no corpo e na alma).Eu ainda estava no período de recuperação do primeiro aborto espontâneo quando engravidei acidentalmente de novo (a camisinha estourou). Faziam 2 meses da primeira perda. Porém, com dois meses de gestação, a segunda perda. Toda a dor física e emocional novamente. Me sentia incapaz de gerar, entrei em depressão... Mas mesmo assim, fui à luta, e procurei um dos melhores médicos da cidade, especialista em gestação de alto risco. Começamos a bateria de exames investigatórios, para descobrir o motivo do aborto recorrente. Descobrimos que eu tenho dois tipos de trombofilia, uma doença silenciosa, nas que dificulta muitas coisas. Eu tenho SAF e deficiência de proteína S (nem sabia que ela existia, rsrs). Com a trombofilia, o meu sangue coagula mais rápido do que o ideal, isso faz com que o corpo não tenha tempo de se preparar adequadamente para sustentar o feto durante a gestação e acontecem os abortos espontâneos. Enfim, depois da doença descoberta, ainda tinha mais um problema a vencer: o remédio que eu tinha que tomar todos os dias da gestação seria uma injeção, dada na barriga, todos os dias, e que custava nada menos do que R$ 1.500,00 por mês (hoje deve estar em torno de 1.900). Me perguntava todos os dias como é que eu ia conseguir o tratamento... pois não era barato, e eu não tinha o dinheiro. Também me perguntava se minha mãe estava no céu com meus dois bebês. Até que um dia, uma amiga minha de infância me encontrou no (falecido) orkut, e me disse que tinha que falar comigo uma coisa urgente. Para contextualizar, quando criança, ela morava na cidade da minha avó, a 500 km da minha cidade... e nós não tínhamos amigas em comum, nem nenhum parente em comum. Ela me disse que sonhou repetidas vezes com minha mãe e duas crianças, e que minha mãe dizia que estava tudo bem, e que ia dar tudo certo, e que ela tinha que me achar e me dar o recado. Depois desse sonho dessa amiga, meu médico me instruiu de que eu poderia conseguir o medicamento pelo SUS... mas que não era fácil. Fiquei um tempo em repouso para me recuperar das perdas, e após a liberação do médico, começamos as tentativas... Foram longos 5 meses de tentativas... quando, no dia do meu aniversário, a Vitória foi concebida. Sei que foi nessa data pois naquele mês eu estava gripada, e acabei namorando apenas no dia do meu aniver. Assim que veio o "positivo" no beta, demos entrada no processo para pegar o medicamento pelo SUS, e após muita burocracia, finalmente conseguimos.Todos os dias, a injeção que ardia por dentro da pele não era nada comparado ao sonho e à vontade imensa de ser mãe. Porém, como nada tinha sido fácil até agora, não ia começar agora, né! Com dois meses, lá estava eu novamente no médico, em meio a um novo aborto espontâneo. Fui internada às pressas. Exames e medicamentos na veia. Repouso absoluto. Voltei para casa, com recomendação de repouso absoluto por mais dois meses. Quando cheguei aos 4 meses da gestação, pensei que tudo estava melhor... Voltei a trabalhar, sempre com repouso relativo. Aos 6 meses, descobrimos que eu estava com diabetes gestacional. Tratei apenas com a mudança de hábitos alimentares e abstenção de açúcar e carboidratos. Aos 7 meses, tive mais um sangramento, seguido de uma perda de líquido. Novamente hospital. Desta vez não foi necessário permanecer internada, mas novamente tive que me afastar do trabalho.

 A Vitória nasceu com 37 semanas, de parto normal, com anestesia. O parto? Ah, foi lindo, e muito rápido! No dia que ela nasceu, fui no consultório, na consulta de rotina... o médico falou: "Vamos fazer o exame do toque?" E em seguida: "Nossa, menina, esse bebê está mais perto do que vc imagina! Vamos internar hoje". Nessa hora, eu estava com 4 cm de dilatação. Tive um dia normal, e a tarde fui para o hospital, pois meu médico ia me internar como se eu fosse fazer cesárea, porém, tinhamos como opção o parto normal. Fizemos assim por simples comodidade, tanto minha quanto dele. O médico do plantão me examinou, as 18h eu estava com 6 cm de dilatação. O meu médico chegou às 20h, eu estava com 7 cm de dilatação. às 21h, eu estava com 8 cm, e ele me avisou que a qualquer momento eu poderia começar a sentir as contrações... assim que elas começassem, ele me daria a anestesia, chamaria meu marido e faria meu parto. As 22h as contrações começaram. Tomei anestesia, não senti mais dor alguma... apenas a maravilhosa sensação de ser protagonista do momento mais importante da minha vida! O médico me levou pra sala de parto e chamou meu marido, que sentou ao meu lado, me segurou pelas costas e me ajudou a fazer força. Após a terceira força, a Vitória veio ao mundo, às 23h (...) Esse momento quando o bebê tão esperado toda mãe conhece! A alegria, a emoção, a ansiedade, o medo... tudo junto... Foi o momento mais mágico da minha vida. Tudo perfeito com ela. Eu me sentia plena! Nada mais podia me abalar! Hoje ela está com quase dois anos... é a minha grande alegria... a minha loucura, o meu ar!

 

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